22 de março de 2011

Balada nossa - sobre cacos.


Você que não foi. Só não está aqui.
Tu
ausente,
de cigarros e prédios.
Gigantes brancos, sob capas e sonhos.
Meus tremulamentos.

Saímos cadentes em tantos espaços.
Você desatenção;  eu te olhando.

Imagino às vezes:
se eu mais demonstrasse?!
Quão interessante!
Se acaso dissesse:
"Olhava tua sombra."
Te olhava no banho,
somente apetecera.
Talvez te tivesse num sono intranqüilo
de serenidades; rabiscos de risos.
De redes à noite;
juras hesitativas.

Te escreveria.
Você já me encontrava.
Em lapso tocava
a alma da noite.
Sob raio da raiva você em espanto
me descobriria,
azuis de tristeza nos despidiríamos.
À cada esquina.
Nossos pontos marcados.


Gentil te relembro
Tua tatuagem.
Pequena, ousada.
Afrontadora de destinos.

É chegara a hora,
Fiel; esperada.
Resguardas meu sono.
Aquém, absorto,
de teus amicíssimos.
Por ti de repente
me cadenciava.

Suspiros quietos.
Mistérios, fatais.
E ainda nos resta
a balada noturna.
Por cima dos cacos.
Só quase intransponíveis.





[Robson W.]

21 de março de 2011

Colina


O amor talvez seja mesmo como uma pilha gigantesca de trecos, onde encontramos um pouco de tudo. Treco-apego, treco-saudade, treco-zelo, treco-afago... etc. E outras bugigangas que não teriam muito a ver com todo o empilhamento dos dias... treco-desconfiança, treco-egoísmo, treco-inflexibilidade, todos amontoando-se no meio de tudo isso, que pode-se fazer?!
Curiosos, os amantes - iniciantes sempre - escavam, procuram, dentro da confusão certa e cega do amar. Achando certamente no meio desse amontoado de informações sentimentais, de experiências atraentes até as mais fúteis. Umas mais relevantes que outras.
Quantos trecos indispensáveis deixamos para trás, permitindo-os voltar a ser tesouro nas pilhas?! E quantos deveríamos ter guardado e guardamos?! ... E quais?! E, meu Deus! (sem drama)... porque?!
sempre achamos que escavando mais, vamos encontrar valores mais profundos, adequados e essenciais.
Pensando bem, tenho a impressão que não encontramos é nada. É tudo doado, do fundo do que não sabemos, por mãos que saem da “colina do amar”;
presentes; inesgotáveis; singelos; aborrecedores e sedutores trecos-submergíveis.
E não sei porque, não sei mesmo como. Que bom!
Abençoados aqueles que não mechem, demais, em muitas coisas. E procura avaliar cuidadosamente cada uma que lhe surge.
Abençoados aqueles que se satisfazem com a justiça eficaz que o amor sentencia.




[Robson W.]

Rebento das gérberas


Nós, que não fomos perdidos,                              
Que não somos esquecíveis.
Nós dois na multidão.
Teus
cabelos de mar
vermelho,     
levemente,
ondulado.
Laços cáusticos de beiços e têmporas,
Anzóis que fisgaram os meios da noite.
Brincos de lua; salvas de palmas.
Eterno
enquanto
dure.
Não esqueça: desde os olhos que pendurei nosso amor para que todos vissem até as perecíveis flores que ofereci para que não te fanassem, não havia menos, de todo amor que para nós ambicionei.
E quando te lembrares dos dias, esqueça tudo além de nós. Aí seremos perfeitos. Pois quando lembrar-me dos dias, nos verei eternos; além de nós.
Rebento das gérberas, de olhar afiado; em distancias pequenas de infelicidade.

Você se vestia, perfumava-se de segredos.
E olhava pra mim, e eu pra ti.
Depois tu vinhas de tuas longas distancias, e eu te buscava.
Minha mão para ti, tua mão para mim.
E tu me contavas, de tudo um pouco, e eu ria e chorava.
E tua lágrima para mim, meu sorriso pra ti.
Em todos estes momentos o ar se esculpia, por nós.
Quando quis enxergar todos como exceções, me excedi. Ao querer fazer de mim exceção, removi. E você me trouxe à tona - com seu vestido, e risos, e pele de aniversário – de amores cingidos. Com teu sorriso de “A vida é bela”, e olhar de “Menina de ouro”.
Mulher, que olhei dormir; sono leve, breves favos. Mulher de cafés da manhã, de maças roubadas; de olhares ao sol.
Menina, sem malinidades. Beijos de honra; artimanhas e entrelaces. Esperas no escuro. E aquela rua?! Qual a rua?! De onde fugimos; que nos encontramos. Onde tu vives. Que te aninavam.  Aquele caminho, quase teu.
E todos os planos, de interiores. Que não morreram apagados, como fogo molhado.
Carinho. Palavra que carecia.
A vida esteve asilada atrás do véu que fizemos. Mais que dolorosa e tonteante, pérfida e concreta.
Não há nada que deveríamos ter evitado, nem muito que poderíamos ter feito.
E tudo fora de nós abate-me e edifica-me, minha alegria.
Teu cheiro
sempre acima
do melhor aroma.
Você,
que foi mais
do que pensava.



[Robson W.]

5 de março de 2011

Tons do Galo


Fervilha
a festa.
O galo
de olho;
de crista;
Imponente.
Irreverente.
Nesta excelência
da raça.
A magia,
essa que convulsa,
amolga,
o povo.
O sol,
do dia novo.
O trinco
que destrava o grito.
A música;
O suor;
Os risos,
entre braços,
em meio aos tons
de vermelho Cádmio.
E eu,
Estarrecido.
Neste dia perfeito, para não se estar só.

[Robson W.] 

1 de março de 2011

Dia 1 de março

É dia um de março.
Dia do nascimento de Frédéric Chopin
E da morte de Ruy Barbosa
De um lado um pianista friamente Polaco,no outro um diplomata genuinamente brasileiro.
Nasceram e morreram dia primeiro, desde mês atípico de carnaval.
Fim da Revolução farroupilha;
da guerra do Paraguai.
Finais, no começo do mês do carnaval.    
Ataque cardíaco de Stalin.... falecimento.
Reformulação da constituição finlandesa.
Batalha do mar de Java.
Dia internacional da proteção civil.
E eu, nasci aqui.
Quê mais?! Quê mais?!
Nesse mês, que mês!
Que gentil, sambado e triunfante mês de carnaval!


[Robson W.]