22 de setembro de 2012

Dê-me mais tempo








Talvez você sinta um sorriso que te alegre, ou um abraço que te conforte e te faça esquecer a solidão.

Ah amor, talvez você encontre uma palavra que precise e que eu não saiba dizer.

Talvez, e muito possivelmente, alguém te conhece mais que eu;

 saiba de você criança,

a minúcia de teus sonhos;

o anseio e os detalhes infiltrados nos teus planos,

e que eu, nesse pouco tempo, ainda não consegui alcançar.

Dê-me mais tempo,

me dê mais tempo

te peço!



Cheguei agora, e a vida já estava feita.


Aqui estou,
 e não sei qual o nome do lugar longe de ti.

Botsuana?

Malauí, Zâmbia?


Eu me lembro de você no seu lugar.. e o meu lugar.. não tem você.


E qualquer outro lugar não terá paisagem, se não houver você frente aos meus olhos.

Teus olhos..
seus passos;
os quarenta sinais,
a tua boca..

Teu sorriso..
Teu jeito, 
sua medida, 

os fios, 

os fios de teus cabelos.
Tudo isso me envolve..
Mas não é como estar com você, em um lugar qualquer.

Pois, 
enfim, 
sem você, 
nada,
nada se completa.
E meu lugar não será mais o meu lugar.. até você chegar.

Estou perdido nas ruas que conheço. Estou sozinho na cama que me deito.
 Não conheço as pessoas que não te conhecem.
Dê-me mais tempo!

Porque toda alegria que quero trazer à tua vida ainda é pouco. Eu tento, me esforço, mas não é nada, ainda.

Não sei fazer nuvens, não sei faiscar raios, não sei lapidar colina...
e tantas outras coisas não sei
e que prisioneiro-humano não sou capaz,
mas idealizo – em sonho - te ofertar.


Dê-me mais tempo, ou não me dê nada;

o  que lhe desejarei estará sempre envolvido de amor.


Talvez, você encontre uma companhia que lhe contente;
e que contente lhe faça os dias, e as noites.

Porém, e talvez saibas,
 trocaria o meu sorriso pelo teu sorriso, e isso ainda assim
 – creio -
não é muito.

 Não o bastante que te quero.

Se você ri, eu choro,

e se choras, eu abro o maior dos sorrisos 
– deixando a alma muda, lacrimejar.

Pois quero ser a medida que te falta.

Sem te afogar em lamúrias, 

nem te entediar de contentamentos.





Robson W.

2 de setembro de 2012

Achava que era apenas a luz da cidade


Amor. Um dia não te chamei de amor.

Você era não mais que alguém de um lugar afastado.

Meu coração era um passo pendido.

Você vivia em mim, antes de te encontrar,

 

Estava nos lugares que eu andava,

mas não te enxergava com intensidade.

Era só um alguém inexato,

De sonhos, de fantasia, de desejo; de promessa.

Algo que cego via como luz,

tonalidade viva, branca; como faro;  

tato de algo meu.

Ao caminhar, algo brilhava nos meus olhos

e eu achava que era apenas a luz da cidade.

 

Sentia antes de ti apenas o costume, o uso e a sugestão.

Eu era só apego de corpos, sem ti.

Quantos lugares passei e não tinha o teu cheiro.

Era só um aroma de: não há amor aqui.

Era só um olhar de: não é isso que te espera.


 



Robson W.

Não asseguro nada mais

Seu sono,
Meu sonho.
Teu sonho em meu fogo.
Teu corpo, meu adorno.
Te querer agora já tem sido  constante atrevimento.
É triste se ver como criança, que olha algo e não sabe se é realmente seu
Mas te levo,
te levo pra longe, e espero darem falta.
Com uma sombra que carrega algo vivo em si.
 
 
Roubo-te, e espero que ninguém te reclame de volta.
Teus cabelos, o teu dedo, me dê por algum momento.
Seus sinais, eu conto;
eu conto e não esqueço, quarenta, e mais os que irei querer contar.
Contarei teu corpo,
todo.
Células, cicatrizes e espaços, e os preencherei.
 
Não consigo esquecer mais.
Não sei esperar mais,
Não sei o que nos resta mais.
Não sei como falar-te; como convencer-te.
Como dizer que não há nada como você neste mundo.
Às vezes aborrecido, acordo, e digo pra mim:
Não devolvo, não asseguro que possa restituí-lo.
Mas você é teu, e te quero meu.
Loucura. Vês?
Pois tudo quero, em desespero.
 
Sabe, a saudade já não existe.
Não.
Não há mais saudade.
É uma leve morte que me carrega pra ti.
Onde vivo - em teus braços - serei.
 
 
Robson W.