13 de outubro de 2012

Deixemos fenecer



Todos os dias, a cada instante, algo no mundo e em nós tem que fenecer, para que outra coisa nova possa surgir em seu lugar. Não procuro entender muito isso, nem provocar sua antecipação, tudo acontece no tempo que tem que acontecer. Um dia você se encanta, no outro se assombra, e muito de tudo isso, de certa forma, independe da relação que você tenha com a vida e com outros. Nem sempre se recebe na justa medida, mas por outro lado, podemos encontrar um refúgio onde menos esperávamos. Isso tudo é a lei da vida, e descobri que não posso impedi-la.

Robson W.

22 de setembro de 2012

Dê-me mais tempo








Talvez você sinta um sorriso que te alegre, ou um abraço que te conforte e te faça esquecer a solidão.

Ah amor, talvez você encontre uma palavra que precise e que eu não saiba dizer.

Talvez, e muito possivelmente, alguém te conhece mais que eu;

 saiba de você criança,

a minúcia de teus sonhos;

o anseio e os detalhes infiltrados nos teus planos,

e que eu, nesse pouco tempo, ainda não consegui alcançar.

Dê-me mais tempo,

me dê mais tempo

te peço!



Cheguei agora, e a vida já estava feita.


Aqui estou,
 e não sei qual o nome do lugar longe de ti.

Botsuana?

Malauí, Zâmbia?


Eu me lembro de você no seu lugar.. e o meu lugar.. não tem você.


E qualquer outro lugar não terá paisagem, se não houver você frente aos meus olhos.

Teus olhos..
seus passos;
os quarenta sinais,
a tua boca..

Teu sorriso..
Teu jeito, 
sua medida, 

os fios, 

os fios de teus cabelos.
Tudo isso me envolve..
Mas não é como estar com você, em um lugar qualquer.

Pois, 
enfim, 
sem você, 
nada,
nada se completa.
E meu lugar não será mais o meu lugar.. até você chegar.

Estou perdido nas ruas que conheço. Estou sozinho na cama que me deito.
 Não conheço as pessoas que não te conhecem.
Dê-me mais tempo!

Porque toda alegria que quero trazer à tua vida ainda é pouco. Eu tento, me esforço, mas não é nada, ainda.

Não sei fazer nuvens, não sei faiscar raios, não sei lapidar colina...
e tantas outras coisas não sei
e que prisioneiro-humano não sou capaz,
mas idealizo – em sonho - te ofertar.


Dê-me mais tempo, ou não me dê nada;

o  que lhe desejarei estará sempre envolvido de amor.


Talvez, você encontre uma companhia que lhe contente;
e que contente lhe faça os dias, e as noites.

Porém, e talvez saibas,
 trocaria o meu sorriso pelo teu sorriso, e isso ainda assim
 – creio -
não é muito.

 Não o bastante que te quero.

Se você ri, eu choro,

e se choras, eu abro o maior dos sorrisos 
– deixando a alma muda, lacrimejar.

Pois quero ser a medida que te falta.

Sem te afogar em lamúrias, 

nem te entediar de contentamentos.





Robson W.

2 de setembro de 2012

Achava que era apenas a luz da cidade


Amor. Um dia não te chamei de amor.

Você era não mais que alguém de um lugar afastado.

Meu coração era um passo pendido.

Você vivia em mim, antes de te encontrar,

 

Estava nos lugares que eu andava,

mas não te enxergava com intensidade.

Era só um alguém inexato,

De sonhos, de fantasia, de desejo; de promessa.

Algo que cego via como luz,

tonalidade viva, branca; como faro;  

tato de algo meu.

Ao caminhar, algo brilhava nos meus olhos

e eu achava que era apenas a luz da cidade.

 

Sentia antes de ti apenas o costume, o uso e a sugestão.

Eu era só apego de corpos, sem ti.

Quantos lugares passei e não tinha o teu cheiro.

Era só um aroma de: não há amor aqui.

Era só um olhar de: não é isso que te espera.


 



Robson W.

Não asseguro nada mais

Seu sono,
Meu sonho.
Teu sonho em meu fogo.
Teu corpo, meu adorno.
Te querer agora já tem sido  constante atrevimento.
É triste se ver como criança, que olha algo e não sabe se é realmente seu
Mas te levo,
te levo pra longe, e espero darem falta.
Com uma sombra que carrega algo vivo em si.
 
 
Roubo-te, e espero que ninguém te reclame de volta.
Teus cabelos, o teu dedo, me dê por algum momento.
Seus sinais, eu conto;
eu conto e não esqueço, quarenta, e mais os que irei querer contar.
Contarei teu corpo,
todo.
Células, cicatrizes e espaços, e os preencherei.
 
Não consigo esquecer mais.
Não sei esperar mais,
Não sei o que nos resta mais.
Não sei como falar-te; como convencer-te.
Como dizer que não há nada como você neste mundo.
Às vezes aborrecido, acordo, e digo pra mim:
Não devolvo, não asseguro que possa restituí-lo.
Mas você é teu, e te quero meu.
Loucura. Vês?
Pois tudo quero, em desespero.
 
Sabe, a saudade já não existe.
Não.
Não há mais saudade.
É uma leve morte que me carrega pra ti.
Onde vivo - em teus braços - serei.
 
 
Robson W.
 

26 de junho de 2012

Abominável e inofensivo


"Eu não tenho a audácia de considerar-me inteligente, e ouso muito menos entender o amor. Ambos surgem de meras tentativas de abstrair-se um instante ao certo, portanto o risco de não estar correto é igualmente ilógico e matematicamente impossível. A verdade pode ser tão ameaçadora e abominável como completamente inofensiva".

Robson W.

21 de junho de 2012

La Bulle de Savon et un Amour Inaltérable



Você e suas passageiras previsibilidades;
eu e minhas técnicas misteriosas.
Em você tudo é duradouro; em mim, efêmero.
Teu eu contemplativo; meu teu dinâmico.

Nunca vai dar em nada - incombináveis -, sinto.
Mas gosto mais de você que dos fatos que crio.
Portanto dure, enquanto o tempo excede nossos quereres.
Gosto mais das nossas verdades-imutáveis do que da ideia de estar certo.
Mas a verdade pode ser a mentira ignorante de um aprendiz.
Portanto não mude, enquanto eu passar.


Robson W.


18 de abril de 2012

TOLOS E SONHOS


Trouxe-te estranhamente aos meus sonhos,
e deslumbrados fomos – sem remédio - o que queríamos.
Vi-te na realidade, e então sim:
avelhantados,
apenas fomos – sem conserto - o que somos.


Robson W.

9 de abril de 2012

Pistas e labirintos

Mutante, inconstante, às vezes irrecuperável. De tudo já vivi um pouco. Multidões me abraçaram “a La foule” e noites solitárias me comprimiram no mais intimo de mim mesmo. Fui de romances delirantes à fugas insonháveis, de viajens inesquecíveis e bebedeiras memoráveis. E talvez isso não seja lá coisa que se conte, mas também não é coisa que se leia. Vinte e seis, e de tudo, guardei a melhor parte, e desta parte me reconstitui e reinventei.
Os piores erros?! os que errei duplamente. Pecados dos quais me arrependo?! os que não conclui. As piores mágoas.. as que causei; as melhores.. aquelas que me fizeram crescer. Ainda sou filho, e irmão, e amigo, e serei amigo de quem não me conhece mas tem disposição para isso. Percebe?! 
Mas eu ainda não sei de nada, só sei que o melhor ainda está por vim.. meu livro, meu canto, meu desencanto. E percebo que o melhor está vindo, porque só sei cantar – baixinho e rouco - alguns trechos de músicas, e a outra parte normalmente não sei; e não só isso que faço pela metade, outras coisas também, entende?!.. há portanto um complemento, um sentido completo, um desejo, um sonho, sei lá que nome... pairando.
Queria ser só sexo, artes, e loucura, e queria também ser só gentileza, cálculos, e reflexão. Lua ao dia e sol de noite. E ter a atenção de um amor, e brincar disso e daquilo. E mostrar o que sei, e rir do que achava que sabia... e aprender, aquilo que descobriria através de qualquer outra pessoa.. mas não.. não há de ser assim.
Mas não só toda essa relação de pensamento, mas ação.. mais lábios, e falas, e: ”Você!... quanto tempo esperei pra olhar pra você e dizer: você!” vê que louco o que espero! que amor-ou-alguma-coisa-muito-boa!..  Olho para mim e ainda não sei bem o que mais gosto, ou menos gosto, mas sei exatamente o que gosto no meu amor, ou o que gostaria que tivesse quando me desse a mão. 
Ainda sou de um jeito e vivo de outro, sinto ser menos do que realmente sou aos olhos das outras pessoas. E como é bom alguém que chega e diz: eu te vejo, daqui de dentro de mim. Eu sei que isso não é coisa que se fale, mas insisto que também não é coisa que se leia. Nós formamos nossos castelos, mas temos que compreender que não devemos ser  “O castelo”. É deprimente ser em si o que te cerca e limita.
O bom é certamente se transformar, é.. se transformar, e ser como é, com quer ser... é certo que já bati asas, e já me recolhi... e sei que vou querer bater asas, e sei que também que vou querer me recolher centenas de outras vezes.
E um dia terei meu livro, meu canto e o complemento daquilo que não me esforço em saber, mas quererei saber um dia.

Robson W.