27 de outubro de 2013

Palavra viva

Encontrei uma palavra:
tristura.
Na fresta da porta.
Entre um amor, e o outro.
E a palavra abriu os olhos.
E ruiu pela sala,
quebrou um prato,
soniferou meu coração
e ainda, astuta e má, 
emudeceu-me.
Antes a tivesse deixado lá,
tristuda.
Ou a afogado num rio de vida.

Antes tudo


Antes ouvir à falar.
Perceber à ouvir.
Refletir à perceber.
Sentir à refletir.
Antes ser à sentir,
mesmo sem o 
entender haver.
Antes tudo 
à falar.
Antes mesmo, um passageiro sofrer.
Um leve desalento mais bem traria.
Pois sem acepção, o dizer,
Tem por extinguir coisas, um hábito.

Uma fraude qualquer

É certo, que um segredo não tem olhos.
É necessário inventar uma verdade que ele ouça.
Um conto místico, 
uma fraude qualquer, floreada.
É preciso dar-se ao segredo
e falar-lhe, 
como se falaria com um muro listrado.
Ah, é preciso parir,
um caldo honesto, e sem cor, de qualquer coisa.

Sustento

Tremulante, 
mente tensa.
Que você aguenta?
A base
a qual sustenta.
Da iguaria púnica que alimenta.

Sujeito, 
sujei-me, e a língua
sugestiva mente.
E o que a língua 
lambe lenta?

E tenta.
E prensa 
nos dentes?

Mas, é! 
É! ... 
Não existem homens
sem lanças.
Antes eu vi e não viste ... 
cobriste-te - com sonhos; tão teus.
Por onde a perna 
passa e pena?

Ah, psedo-dono-do-mundo!
Deus infantil que ousei criar!
Hoje vistes que eu vi.
Decerto vistes que sei. 
E ajoelhadas destronaram-se
ásperas periculosidades.

12 de setembro de 2013

Matrô


Estamos na hora,
no exato momento do metrô.
Vingança.
O trem passa e não aguarda.
Esperaríamos a investidas
de passos perfumados.
Esperaríamos casos
e atrasos
na Subway.