23 de novembro de 2010

Escuro dentro da mente



Escuro, dentro da mente.
Atrás da casca que me cobre as imagens,
Escuro.
Pés de lama, sujo, dentro do vaso claro, emporca tudo.
Não existe nada que diga como meu?!


Que possa dizer:
- ei... ei, ei você... está vendo isto... é meu!
Mas nada, da imperceptível matéria ao universo, nada.
Nem o caldo que sobra da lavagem dos membros,
nem o grão que retiram do encolassamento dos astros?!
O que é meu e ninguém me tira?!
O que não se espanta?!
Não se troca, e aborta antes do fim.
Talvez a precipitada visão do que não é de ninguém.


As barreiras redobram e recuam,
E eu não disse nada,
Eu mesmo, não arrisco falar.


Não influi muito saber o que é 'desprovido de provimento'.
E o que é meu?!
A estrada não é minha, mas ando.. é meu o meu andar?!
possivelmente não é meu o meu andar, é da trilha que desenho..
O caminho me retém e me larga.. me retém e me larga..
Nem é meu onde vou,
é de quem quero estar!
Sou de quem quero estar?!
Não sou o vestígio dos meus desejos,
mais sinto o fervor daquilo que me arruinaria.

Escuro.
Escuro atraente, e verde-limão.


Já não sou quem sou.
Me lavei, me passei, me arrumei num cabide bacana de ferro,
fui na ponta dos pés, e me pendurei criteriosamente no fundo do guarda-roupa,
entre as camisas com tons gentis de vermelho e as bermudas xadrez.
Acima dos sapatos de festa, a frente das gravatas, acessórrios e quinquilharias danificadas.
porque é escuro, dentro das idéias,

e me arquivo segundo após segundo.
Arquivo e amostro, arquivo e amostro..

Trazendo algo novo aderido a mim, desde baú incólume de pretensões.
Para alguém achar,
para alguém saber,
e testemunhar o descobrimento de algo em mim sendo seu.




[Robson W.]

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