4 de dezembro de 2010

Ascender-se


Fumei uma pessoa, todinha, dos dedos a barriga, antes de ontem. Enquanto a sugava, ela me olhava com tristeza de despedida.
Transformei seu ser, pouco a pouco, em cinzas. Sua cabeça foi ficando vermelha de desejo, depois de certo tempo de tragada. E seus braços brancos ferviam em agonia. Mas era tão bom sacrifica-la, baforadas anunciantes. Depois que se fosse totalmente, o feito se tornaria quase preciso.
Era bandido tal ser, nem merecer viver queria, então, foi meio desejo da mandante, outra metade querer meu. Ela me deixou ser seu ultimo dono; fui comprado no início, mas depois de um segredo fiz o trabalho de graça. Fiz sim, este prazer imundo. Diria até: - que transa perfeita tive antes de ontem! Uma transa de dedos e boca. Tudo durou alguma vida, um pouco de tempo jogado fora, nada mais. Seus pés na minha boca, pequenos e balançantes. Depois da gozada, no fim de uma atrasada baforada, eu a depositei na terra, fiz uma barriguinha de cova e uma cruz acima com o dedo. Que tragadas dei antes de ontem! Que tragadas!



[Robsn W.]

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