13 de dezembro de 2010

Faíscas na escuridão




 No início do dia estamos num lado infinito do universo; à noite no outro. Extraviados nesta boleada prisão gravitante. Saímos de nossos casinholos, desentocados; controversos.  Convencidos de que somos um resultado extraordinariamente digno da natureza. Convictos de que, um passo torto ou ao passe de mágica voaremos órbita afora. Nossos prazos estão em constante prorrogação com o que damos de tempo para nos mesmos. E ainda assim, estamos colados no mais distante de algum final que acaso existiria. Aqui, não somos capazes de vôos autônomos; fora de onde vivemos, é possível. Podemos respirar onde estamos; fora de onde vivemos tudo pode ser asfixiante.
 Obtivemos nossa vivacidade fosfórica divinizada. Assegurada por tudo aquilo que não atingimos; aquilo que existe fora de nós. Imodestos por sermos filhos ou criação de algo elevado e inalcançável, contidos a própria incapacidade que há diante de tudo. Daquilo que há de mais oculto, só nos chegam faíscas... na escuridão.


[Robson W.]


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