23 de novembro de 2010

Um certo lugar-pessoa


Hoje estive lá, no lugar do primeiro beijo. Naquela rua, naquele canto, que tão comum foi para nós. As cadeiras estavam vazias. Cada ladrilho, ordem de coisas, direção de movimentos ficaram sem co-relação com nada. Sem nossas mãos emaranhadas tudo enferrujara um pouco. Pareciam as coisas ali tão sem função.
Estive embaixo de uma lua, no mesmo sol, quase no mesmo dia. Revi os mesmo passos, o mesmo transito em colisão, o erro na curva de teu rosto, teu olho no meu como se meu fosse. Permiti te rever, em mim mesmo. Eis que o mesmo sentimento enganado voltou aqui pra perto, batendo em mim, forte, mas sem gravidade, como algo que não foi criado; olhando-me como amigo abandonado, disfarçado de novo amigo pra reatar-me neste reencontro.
Pus-me com olhar de estrangeiro repousado numa rua, noutra região.
Que lembra uma terra natal, mas que bem sabe que nada do que passou é seu. Parei minha vida, deixei de respirar, nem sabia quais eram meus planos, enquanto ali parado.
Seria demais se dissesse não saber mais em que creia eu; seria demais. Seria demais até dizer que rosas não tinham mais teu bálsamo.
Se falasse do céu e do mar seria piegas e enfadonho demais para algo tão simples e de excitante explicação. E dizer que poderia viver sem ti pelo resto da vida; seria demais.



[Robson W.]




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